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domingo, 16 de outubro de 2011

Crossplay, elas vestem seus heróis

Olá!


Esse é mais um vídeo. Dessa vez é um Documentário, realizado como parte de minhas produções em 2010 na graduação do curso de Jornalismo.

Crossplay, elas vestem seus heróis


A proposta , resumidamente, é a seguinte:

O Cosplay (Do inglês Costume Play, “roupa de brincar” ou “jogo de fantasia”), é uma forma de se entreter, um hobby, em que pessoas se fantasiam, construindo e comprando acessórios de seus personagens favoritos (filmes, séries, livros, games, mangás e animes) e interpretam esse personagem, seja em fotos, apresentações, ou mesmo entre amigos em eventos do gênero. Muito praticado em eventos da cultura japonesa que reúnem fãs e adeptos, o cosplay se originou nos EUA, mas se difundiu e se espalhou pelo mundo à partir do Japão, junto com os animes e mangás nos anos 90.
Em eventos que são realizados ao longo do ano, esses cosplayers (aqueles que fazem cosplay) se juntam como numa grande feira para desfilarem, fotografarem e apresentarem suas interpretações, muitas vezes valendo prêmios altos para aquele que estiver mais parecido e realizar a melhor interpretação. Muito além da economia, o hobby movimenta muitos jovens e também adultos com gosto pelos quadrinhos japoneses.

A proposta foca no cosplay, não simplesmente com o objetivo de explicar o que é e como é, queremos focar em uma classe específica: Meninas que fazem cosplays masculinos, uma prática comum no universo dos fãs.

O Cosplayer quando se veste de um personagem do sexo oposto também é conhecido como “Crossplay”.

Um fenômeno comum que ocorre dentro desse cenário é exatamente isso, o fato

de meninas se vestirem de personagens masculinos.

Vamos documentar o perfil dessas pessoas, mostrando como e por que isso ocorre. Se dentro disso envolve questões sexuais, culturais, pessoais, etc.
Mostrar também o cosplay de cada uma delas. Entender como o hobby influencia a vida delas entre outras curiosidades desse cenário, acompanhando os eventos, com entrevistas e análises de pessoas entendidas sobre a cultura japonesa.



Lembrando que foi um vídeo experimental, com certeza poderia ser melhor. Créditos no fim do vídeo!

Obrigada,

Agnes

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

[Vídeo] Donna

Vídeo realizado para a matéria "Fotografia para Cinema e Vídeo" do meu curso de Pós Graduação.

Realização:

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

ADRIANO STRALIOTTO
AGNES AVELINO
AMARILIS PORTO
CARLOS NASCIMENTO JR.
CIBELE NOGUEIRA
FÁBIO BISPO
FREDERICO GUERREIRO
IZABELLA BRITO
JOÃO VICTOR CUNHA
JULIANA BRIGATTI
LEANDRO REIS
LEO NORONHA DEDONNO FILHO
NICOLY PIERUCCI
RAFAEL DA COSTA
SUELEN CIRELO
THAISSA COSTA
VITOR VENÂNCIO

RESUMO

Este projeto tem por objetivo desenvolver uma linguagem cinematográfica
através das técnicas de fotografias para cinema e vídeo discutidas em aula. Passando
também por roteiro, decupagem de roteiro, decupagem de cortes, produção geral e
técnicas e ferramentas de montagem para finalização do projeto.

Uma história baseada nos anos 30, jogo de pôquer, chefão, mulheres e traição.

para assistir:


ANEXO:




Abraços,

Agnes

TCC - RPG como instrumento Pedagógico

Para organizar melhor, criei esse post.

Resumo do trabalho:

Esse trabalho, uma grande reportagem feita para a revista “Nova Escola” sobre o RPG – role-playing game (jogo de representação de papéis), tem como recorte principal o uso do jogo como uma ferramenta lúdica e pedagógica, já conhecida, porém ainda não muito explorada pelos educadores. Além de enumerar suas principais potencialidades para o ensino, como a interatividade, a motivação de pesquisa, vivenciar o conteúdo e envolvimento social, o trabalho trata também das dificuldades e obstáculos desse recurso (exageros da mídia, falta de conhecimento dos educadores, burocracias educacionais). Por meio de testemunhos de especialistas e estudiosos do tema e de professores e alunos que fazem uso do jogo na prática, a reportagem mostra que o RPG é um meio que não visa solucionar por completo as defasagens encontradas no universo educacional brasileiro, mas ainda assim é uma ferramenta de apoio ao educador, capaz de proporcionar melhorias significativas ao ato de ensinar e aprender. O RPG, além de entretenimento, também pode ser um instrumento pedagógico eficiente, ajudando a inovar na sala de aula.

TCC de Jornalismo (finalizado em 12/2010) foi uma Grande Reportagem direcionado para a revista Nova Escola com o tema de RPG (role-playing game) como instrumento pedagógico.O TCC foi apresentado na Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do professor Francisco Bicudo.Minha companheira nesse trabalho -que foi realizado em dupla - foi a Amanda Palestino.

Título: RPG: Aventura de Ensinar

Você pode fazer o download da Revista Diagramada aqui: http://www.4shared.com/document/Y18jNpyV/final_revista.html

Ou ler o conteúdo parcialmente postado nesse blog, em partes:
Parte 1: http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/rpg-aventura-de-ensinar.html
Parte 2:
http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/continuacao-de-rpg-aventura-de-ensinar.html

Parte 3: http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/rpg-aventura-de-ensinar_17.html
Parte 4:
http://bookofangel.blogspot.com/2011/07/rpg-aventura-de-ensinar-final.html

Abraços,

Agnes

sábado, 30 de julho de 2011

Review - Octavio Café

Procurando um bom lugar em São Paulo para um café?

Review – Octavios Café

Um sábado nublado, vazio de idéias... O que fazer em São Paulo, essa capital gigante? Eu gosto de cafés, mas são raros lugares bonitos e bons com esse propósito. Joguei no Google e voilá, Octavios Café. Eleito melhor café e blá blá blá. Eu fui.Fui sem nenhuma expectativa e chegando lá, superei todas que eu poderia ter. Eu e minha acompanhante, Jack, fomos recebidas na porta por uma hostess que nos levou para nossas poltronas. O lugar é grande, bem decorado, com sofás, poltronas, revistas (Como podem ver nas fotos, as que eu tirei com meu celular e as que peguei no site deles) e todos os atendentes bem vestidos e atenciosos. Tem até um piano de cauda lá.
O preço? Justo para a qualidade dos produtos. Bebemos um capuccino com chocolate belga, cerca de 8 reais, um porção de pastéis cerca de 17 reais.
As fotos que tirei são para o destaque do lugar: O chá. Um chá maravilhoso de flores e frutas, completamente bem servido e cheiroso, um dos melhores chás que já tomei, na verdade. Também por volta de 8 reais (os mais bem gastos, na minha opinião).



Comemos, além da porção de pastéis, deliciosa, uma de bolinhos de queijo...Petiscos muito bem servidos também.

Eu lá: e a Jack:


Fácil acesso, com estacionamento (pago) no lugar com manobrista.

Conclusão: Super recomendado. ♥♥♥♥♥
Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.996 - Jd. Paulistano – Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta: 8h às 23h. Sábado: 10h às 23h.Domingos e Feriados: 10h às 22h
Para mais informações acesse o site deles:
http://www.octaviocafe.com/port/default.asp


Abraços,

Agnes

quinta-feira, 28 de julho de 2011

RPG, a aventura de ensinar - final -

É, decidi postar tudo de uma vez pra acabar logo com isso, que leiam os corajosos.

http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/rpg-aventura-de-ensinar_17.html

Exemplo da diagramação:


Francisco de Assis Nascimento é professor de Física no ensino médio do Colégio Guilherme Dumont Villares, localizado no bairro do Morumbi, em São Paulo. Ele usa com sua turma o RPG. Para o educador, a grande dificuldade é tornar determinado conteúdo representativo para o aluno, mostrar que aquilo é necessário. “Ensinar Ótica, por exemplo, é complicado, você não entende. Mas se você fosse um índio e precisasse pescar com arco e flecha, você saberia a lei de Snell intuitivamente.” Para aqueles que não lembram, a lei de Snell é uma expressão que se dá ao desvio angular de um raio de luz ao passar para um meio com índice de refração distinto do qual ele estava percorrendo. Ele explica e completa: “Quando um índio pesca, ele sabe que não se deve mirar diretamente no peixe, porque o peixe é vazio. Você tem que acertar a “alma” dele, que fica escondida debaixo da barriga. Ele não sabe a lei de Snell, mas entende que a imagem sofre um desvio por causa de água. Então, ele tem que acertar em outro ângulo.” O RPG entra para mostrar ao aluno a utilidade desses fenômenos.

Francisco desenvolve vários projetos de aulas utilizando-se do jogo. Uma de suas encenações prediletas é sobre a criação da Bomba Atômica. A história começa com uma guerra entre dois reinos e com a propagação de uma doença contagiosa. A turma assume papéis de pesquisadores de cura, e os alunos aprendem sobre propagação em série, fissão do urânio etc.

O professor conduz a narrativa, para que os estudantes tenham noção de como funciona uma bomba atômica. Para viajar entre os reinos da história, utilizam cavalos que correm na velocidade do amanhecer. “Cada cavalo tem uma cor, isto é, fica associado a um comprimento de onda, que por sua vez está relacionado à onda eletromagnética. Dependendo da massa do personagem, ele pode cavalgar só um tipo de onda (ou cavalo). E quando está se movendo em cima do cavalo, que no caso é a onda de luz, está obviamente experimentado todos os movimentos relativísticos daquele momento. Diz Francisco: “Se no RPG tradicional você usa magia, por que não substituir magia por ciência?”

O professor diz ainda, que o jogo deve ser aplicado em um momento extra-aula, como uma atividade à tarde, uma vez por semana. Pois, para ter o efeito desejado, não deve ser algo obrigatório. “Você não pode virar para um aluno e mandar ele jogar: Vá se divertir, agora!” Para quem não quiser aderir, o professor oferece outra atividade.

O resultado, nas aulas dele: de cada dez grupos, é certo que pelo menos oito deles consigam chegar à conclusão e ao objetivo inicial proposto por aquela aula. Aprendem o conteúdo e desenvolvem interesse pelo que estão estudando. Acabam por pesquisar mais e por conta disso o número de aprovação na matéria dele sobe. “Você aprende muito mais se você estiver gostando do que você estuda do que daquilo que te foi imposto”,diz o professor.

O RPG muitas vezes é lembrado pelo fato de seus jogadores aparecerem frequentemente fantasiados, e por ser um jogo interativo. Esta interatividade pode ser tão grande que a atividade se torna algo próximo de uma peça de teatro. Esta modalidade é conhecida como Live Action. No ensino, é raramente usado, por conta da exigência de organização de espaço e material - geralmente é bastante trabalhoso. Mas a professora de História do Colégio Pueri Domus da Chácara Santo Antônio, Neuseli Martins Costa, mestre em Educação, Arte e História da Cultura, conseguiu utilizar algo parecido. Baseando-se na Revolução Francesa, montou uma narrativa e pôs seus alunos para interpretar papéis da época. Tiveram que se dedicar intensamente, a ponto de pesquisar roupas a serem usadas e até expressão gestual da época. É um RPG que exige ainda mais dedicação e elaboração.

Os estudantes representaram grupos sociais específicos e se envolveram com o processo histórico, começaram a entender “quem era quem” na revolução, suas funções, o que cada classe defendia e por que agiam daquele jeito. Tudo de forma interpretativa, como no teatro, e com a professora guiando a narrativa. No caso, a preparação feita antes da aplicação do RPG concluiu-se da seguinte forma: Neuseli havia passado o conteúdo e os conhecimentos básicos da história para que sua aula fluísse como deveria. O jogo terminou com ao fim da revolução, quando Napoleão Bonaparte subiu ao poder.

“Tem um teórico chamado Gadamer (Hans-Georg Gadamer), que tem um livro nomeado Verdade e Método, onde ele defende que a melhor forma de aprendizado para o aluno é o jogo. E ele sustenta esta ideia porque o jogo, além da questão do conteúdo pedagógico que você pode trabalhar, apresenta também valores, princípios, conceitos. Então, o jogo é bastante falado como um meio de aprendizagem eficiente”, destaca Neuseli

Maurício Rosa fez sua tese de mestrado e doutorado sobre o processo de ensino-aprendizagem na área de Matemática. Ele conta que começou a pensar em usar o RPG como recurso após uma experiência vivida em sala de aula com um aluno que simplesmente não se conectava à aula. Certa vez, o estudante apareceu com um CD-ROM de jogos estratégicos. Maurício se encantou pelo conteúdo, e por conta dele, começou a ter mais contato com o aluno. “O prazer do jogo, a idéia de poder criar, é um potencial do RPG, de jogos estratégicos”, conta ele.

Maurício atualmente dá aulas de Cálculo na Universidade Luterana do Brasil, ULBRA, aplicando RPG aos alunos de graduação. Em uma aula sobre Integrais Definidas, o professor pensa em como seus alunos poderiam chegar a algum resultado, utilizando a aplicação tradicional, criando um contexto em volta, sem mudar o foco principal, obviamente. “Vou construindo aos poucos, os personagens vão dando soluções para aquela problemática até chegar ao conceito”. Maurício não consegue colocar cada aluno para interpretar um papel – já que sua sala tem um grande número de alunos. Monta grupos e cada um deles interpreta determinado personagem.

Eliane Bettocchi já fez diversas pesquisas que resultaram em publicações sobre o uso do RPG. Professora do curso de Design da UFJF, que usa RPG como base em algumas de suas atividades.

Eliane, em um primeiro momento, explica o conteúdo teórico e como seus alunos terão que aplicar o recurso, por exemplo, em um projeto de videogame. “Cada um escolhe um perfil profissional (personagem) e se autoavalia em termos de competências. Fazemos exercícios sobre a situação do projeto em aula, que são consolidados num relatório. Comparo este relatório com a autoavaliação do aluno, na planilha de perfil (a ficha do personagem) e dou a nota pela diferença (os pontos de experiência)”. Num jogo de RPG, cada personagem vai acumulando “pontos de experiência” em sua ficha, conforme avançam na aventura ou completam missões e objetivos. Eliane diz que os resultados têm sido ótimos, há um envolvimento maior da parte dos alunos para com o conteúdo da aula, consequentemente um melhor resultado na hora de apurar as notas. Diz que tem que haver a cobrança do professor, não dos conteúdos, mas da capacidade dos jogadores de aplicarem estes conteúdos no momento do jogo. “Pelos resultados das minhas pesquisas, os professores têm mais dificuldade de lidar com o lúdico do que os alunos. Uma vez que o professor se entrega à atividade sem parecer forçado, os alunos embarcam, e o lúdico da narrativa permite a eles enxergarem as aplicações práticas e os motivos de se aprender os conteúdos” e, por isso, o RPG dá certo em suas aulas.

Ela pretende experimentar ainda outras formas de aplicar o RPG, baseando-se no jogo tradicional, com cenários que podem ser históricos, ficção científica, ou até fantasia tolkiniana. O leitor que conhece RPG vai entender que muitos cenários medievais e fantásticos tiveram a influência do famoso autor da trilogia de Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien. A expectativa é criar neles, nos alunos, um elo afetivo com suas respectivas personagens.

A partir disso, seus alunos construiriam visualmente estas personagens, desde os esboços até a arte final, amparando-se em História da Arte, Linguagem Visual, Técnicas Artísticas. “Cria-se um elo afetivo que, sendo saudável, desperta o "tesão" pelo que está sendo vivenciado. A afetividade é um dos principais veículos para o aprendizado. Sem interesse, sem desejo, não se presta atenção”, conclui a educadora, que por experiência própria diz que não gostava de aprender História, mas depois que começou a jogar, hoje tem vários livros sobre História do Brasil e do Mundo.

Dinamara Garcia Rodrigues conheceu o RPG graças à Literatura. Traçando um caminho que passa por Clarice Lispector, que traduziu o livro Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, ela chegou aos livros de RPG tradicionais nas prateleiras das livrarias. Formada em Letras e com doutorado em Teoria da Literatura, diz-se escritora experimentalista em RPG, além de dar aulas para os cursos de Moda e Comunicação na Unirp - Centro Universitário de Rio Preto.

Jogadora assídua, já realizou diversas palestras para professores e oficinas em universidades, principalmente em São José do Rio Preto, sobre a aplicabilidade do jogo. Defende principalmente que os jogos de RPG ajudam na escrita e no desenvolvimento da linguagem do jogador. “Graças à leitura dos sistemas, à pesquisa histórica e até de figurino, o errepegista vai acompanhando diferentes conteúdos de diversas disciplinas, sem perceber que está estudando. E, por ler muito, acaba por escrever cada vez melhor, fugindo da escrita fragmentada, frágil e superficial que a língua portuguesa vem adquirindo no ciberespaço, denominada ‘internetês’”. O internetês é aquela linguagem abreviada que a maioria dos adolescentes utiliza em mensagens e conversas na internet, em e-mails e redes sociais

Dinamara fala também do RPG jogado em chats na internet, onde você interage com textos, escreve descrições de cenas, falas, situações para seus parceiros, como se contassem uma história juntos. Desta forma, o RPG estará trabalhando a literatura e a escrita do aluno naturalmente. “Toda vez que eu entro para dar aula em uma sala pela primeira vez, eu os convido a entrar no chat”.

Para esclarecer ainda mais a funcionalidade do RPG, além dos exemplos colocados pelos profissionais, o pedagogo Rafael Rocha diz: “Deve-se focar a atenção no funcionamento do cérebro humano. Independentemente de se determinada situação é real ou imaginária, o cérebro aceita-a como verdadeira. Sendo assim, simulando situações-problema, o jogador estará vivenciando aquela dinâmica. Pensando assim, imagine a eficiência do impulso lúdico associado à experiência coletiva de abstração e criatividade, sem sair da sala de aula”.

RPG + Inclusão

Carlos Klimick, que logo no início dessa reportagem destacou os benefícios do RPG pedagógico, teve oportunidade de usar o jogo em sala de diversas formas, principalmente nas áreas de Português e Literatura. Mas um de seus trabalhos de destaque é sua dissertação de mestrado, em que se mostra a utilização do RPG para auxiliar no aprendizado linguístico e cultural de deficientes auditivos, por conta de sua interatividade. O trabalho chama-se “Construção de personagens & aquisição de linguagem - o desafio do RPG no INES” e foi desenvolvido no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), do Ministério da Educação, com crianças de 6 a 7 anos.

A aventura se chama “Zoo” e se passava em um zoológico, onde as crianças tinham que fugir de animais. O objetivo era auxiliar estes alunos na aquisição de linguagem. Para isso, usava a característica de hipermídia do RPG, suporte digital, utilizando um site na internet e também flanelógrafo, que é uma flanela verde, com as figuras recortadas em cartolina e velcro atrás. “As crianças podiam manusear as figuras de cartolina no velcro! O que as fazia participar da construção, visualização e entendimento da narrativa, mexendo os personagens dentro do cenário.” A interatividade evidente desses recursos tão atrativos acabou dando o efeito correto, positivo.

O psicólogo Alfeu Marcatto também teve experiência dando aula para crianças surdas. “Não deu cinco minutos, eu já estava fazendo sinais. Estávamos nos comunicando de algum jeito! E as professoras também”, conta. Diferente de Klimick, Alfeu usava o método de contação de histórias tradicional nas aulas. Ele não sabe LIBRAS, a linguagem de sinais. Mas com a ajuda dos outros professores e o envolvimento de todos, a comunicação fluiu exatamente como deveria com as crianças. De forma divertida e interativa. A aventura de que ele tratou nesta narrativa falava sobre alienígenas, discos voadores e espaçonaves. As crianças que ainda não sabiam os sinais inventavam códigos próprios, dando jeito de se comunicar com o grupo. Para os outros professores foi espantoso ver seus alunos mais bagunceiros participando seriamente da aula ministrada por ele. Segundo Alfeu, “era porque a coisa ali estava séria. Tínhamos perigo, tínhamos extraterrestres!” Ele explica que crianças e adolescentes levam jogos a sério, às vezes mais do que uma atividade de conteúdo pedagógico comum, onde não há riscos. “Quando a pessoa entra no jogo, ele se torna sério, comprometido. Afinal, você não quer morrer, não quer perder ponto. Aquilo é muito importante. Então, eles se dedicam”.

Quando o educador constrói uma aventura, deve se preocupar com o aspecto pedagógico. Já quando se aplica esta aventura, a preocupação deve estar com o aspecto lúdico. “Você sabe que vai atingir o objetivo pedagógico porque construiu a aventura para isso!”, diz Alfeu Marcatto. Quando um aluno se dedica a algo e consegue perceber que está realmente aprendendo, o resultado é imediato e há empenho para saber sempre mais sobre o determinado assunto. Contribuindo assim, para seu aprendizado. O psicólogo, também prepara aventuras de todas as matérias e projetos de diferentes disciplinas para passar a professores interessados pelo recurso. Marcatto já chegou a passar aos que se prontificaram aventuras que vão de educação física à religião.

Ele descreve um caso que ocorreu em uma escola pública de ensino fundamental na favela de Heliópolis. A professora estava dando aulas para uma classe de 3º ano, com alunos completamente analfabetos. Nisso, ela resolve obter o material na Fundação Roberto Marinho, onde Marcatto deixou vários projetos de educação ambiental para o Brasil inteiro, que foi distribuído em diversas escolas. Eram filmes, textos, livros e fitas de áudio. Então, já com as atividades, a professora as usou para alfabetização destas crianças. Em um ano, estavam lendo e escrevendo.

Portanto, se há um objetivo a cumprir e a proposta da atividade é levada a sério, o nível de sucesso a ser atingido na aplicação do RPG pode ser o mesmo em relação a qualquer outro recurso. Há uma maneira certa de usar cada recurso em sala. Caso contrário, ficará tão entediante quanto uma técnica qualquer e deixará de ser eficaz.

Para isso, é preciso que todos entendam os objetivos e estejam comprometidos com o mesmo. É o que destaca a professora de Português Luzinete de Oliveira Aio, da Escola Municipal de Ensino Fundamental General Othelo Franco, no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. “Com todos de acordo, objetivos passados e compreendidos, havendo finalidades concretas e já com todas as adaptações necessárias realizadas, temos a possibilidade de viabilizar o RPG. Pois o entendimento é um fator que favorece a aplicação deste recurso. A intenção é unir alunos. Fazer com que haja comprometimento. Quando isso não acontece, temos um ponto desfavorável. Algo que pode desencadear a falta de adaptação dos alunos e professores. Consequentemente, uma desistência da técnica.”

Dificuldades e obstáculos

Agora, muita atenção: como os próprios especialistas e educadores dizem, o uso do RPG como ferramenta pedagógica não pode ser considerado a salvação do ensino brasileiro.

Existem obstáculos para a aplicação de um recurso como o RPG em salas de aula, para Eliane Bettocchi, alguns deles seriam: “Obstáculos administrativos. Ou seja: Horários, salários e arquitetura das instituições”.

Elaine Maria Salies Landell De Moura foi diretora do colégio particular Santana, localizado na zona norte de São Paulo, e atualmente leciona na Universidade Anhembi Morumbi, nos cursos de Letras e Pedagogia. Eliane conhece o RPG tradicional e chegou a assistir Live-Actions realizados no bairro do Ibirapuera, que aconteciam à noite com um grupo chamado São Paulo By Night (Projeto de Live-Action baseado no RPG lançado pela editora Devir, Vampiro - a Máscara, usando como cenário a cidade de São Paulo). Mas nunca tinha ouvido relatos sobre o uso do jogo com foco educacional. “Eu usaria, mas para tanto eu precisaria entender melhor. E aí seria interessante que houvesse a possibilidade de existir capacitações aplicando o RPG dentro da aérea pedagógica, para que fosse uma didática”, diz.

A professora e pesquisadora Magda Medhat Pechliye orientou trabalhos sobre o assunto e pesquisas que não envolvem apenas o RPG, mas jogos em geral como um recurso pedagógico. Ela diz, com toda propriedade, que não são poucos os motivos que fazem do RPG algo pouco utilizado pelos educadores. “Podemos listar o não conhecer o RPG; não dispor de tempo para organizar atividades diferentes; não estar disposto a mudar sua forma tradicional e talvez, ainda, o medo de trabalhar com uma atividade em que os resultados não são previsíveis”.

Ao confirmar o argumento sobre falta de tempo e pouca disposição para mudanças, a diretora Miriam Christina de Andrade Rodrigues, da Escola Estadual Plínio Negrão, localizada na Vila Cruzeiro, bairro da zona sul de São Paulo, diz que qualquer projeto, novidade ou diferencial referente ao cronograma escolar deve ser notificado para a coordenação pedagógica da escola para que passe por uma aprovação. Caso aprovado, é aplicado em sala. Em um outro momento, confessa que não conhece o recurso e nem quem tenha usado o RPG como instrumento de ensino. Após uma breve explicação sobre, se anima ao saber das eficácias propostas pelo mesmo. Mas visto que é um recurso que exige empenho, comprometimento e criatividade, ela nos fala sobre a já mencionada carência: “Todo projeto precisa passar por uma aprovação. Adicionar métodos com novas propostas é algo difícil. Dão preferência aos recursos de que todos já têm conhecimento. Pois, sendo novo, passa a envolver rotinas de pessoas que nem sempre estão dispostas a mudar. Aqui, não há tempo, e acredito que a maioria das escolas tanto públicas quanto particulares, pense da mesma forma. Às vezes, não se tem nem professor, nem alunos interessados suficientes. Enfim, posso te afirmar isso. Portanto, a proposta pode ser muito boa. Mas, por aqui, tenho plena certeza de que não seria possível integrar o RPG tanto no horário normal de aula, quanto em algo fora deste horário”.

Mas então, como se dá a aprovação de um projeto? Quem revela o caminho das pedras é o professor e assistente de diretor, Alexandre Kanaan, também da Escola Municipal de Ensino Fundamental General Othelo Franco e formado em matemática pela Universidade São Judas Tadeu: “Qualquer nova técnica de trabalho que for desenvolvida na rede pública deve passar pela aprovação da coordenação pedagógica. No caso, existe um projeto chamado “Ler e Escrever”, que serve para todas as escolas. E dentro dele deve estar inserido qualquer trabalho diferente. Talvez o RPG pudesse ser aplicado e ter sua viabilidade. Mas, como mencionei, precisaria verificar se seria possível inseri-lo, se ele se encaixa na proposta do “Ler e Escrever”. Toda essa preparação é exigida, pois é preciso disponibilizar espaços e professores para a realização das atividades. O professor querendo usar RPG como método precisa passar pela coordenação pedagógica da escola, agora, se fosse para fazer do RPG uma matéria, ensinar professores ou alunos a jogar o RPG, aí a autorização deve vir da Secretaria da Educação”.

Sistema? Preconceito? Acomodação? Ricardo Ribeiro junta os três em sua análise. “O RPG pedagógico é um recurso muito recente e pouco socializado. Além disso, embora sua aplicação não necessite de muitos recursos, sua preparação exige dedicação e tempo do professor. Nesse ponto chegamos a dois tipos de profissionais: aquele que trabalha como louco em várias escolas, com centenas de alunos, e não dispõe de tempo para preparar uma aventura de RPG, e outro que não pretende ter mais trabalho além do que já exerce e está satisfeito com o seu desempenho”. Ou seja, a aplicação do RPG nas escolas depende também das condições de trabalho oferecidas e garantidas ao professor, que nem sempre são as ideais e mais adequadas, seja no setor público ou no segmento privado.

Em função desse cenário, de uma rotina desgastante e por conta do fato de nem sempre ter sua profissão e dedicação reconhecidas, surge a desmotivação do educador para criações novas, como destaca Rafael Rocha. “A estrutura da educação atual usa de uma rigidez curricular que desmotiva o educador, deixando-o engessado para desenvolver seus processos naturais junto ao aluno”. Rafael é pedagogo especializado em ludo-criatividade. Segundo ele, a rigidez do sistema de ensino insiste em ser “conteudista”, sem prestar atenção às necessidades do professor e do aluno. “Esse é o principal entrave para uma educação com a felicidade do brincar”.

De acordo com o pedagogo, a aplicação de um jogo didático, como o RPG, em sala de aula, “não é postura de profissionais cômodos”. É difícil, vai além do plano de aula corriqueiro, e poucos educadores tradicionais querem arriscar algo novo.

Mas e quanto aos alunos? Será que estariam dispostos a essas novidades como rotina pedagógica? Existem também aqueles já acostumados com a dinâmica tradicional de aula: leitura, memorização e reprodução. Esses costumam ter dificuldades em imaginar, criar e ser um indivíduo ativo com relação ao aprendizado.

A professora Neuseli fala desses estudantes: “Eles querem “o livro”, “o capítulo”. Dizem: “Eu tenho que estudar aqui”. E então, você fala: “Não, não é assim que eu quero que você estude. Preciso que você veja outro lado”. Existe sim um certo conservadorismo por parte dos alunos”.

Como o próprio Francisco de Assis diz, nas aulas que dá, às vezes aparece aquele aluno que não quer participar ou participa de má vontade.

Os Vilões: mídia x violência

As mídias, seja a televisão, a internet, podem ser consideradas responsáveis pelos rótulos negativos do RPG? Muitas vezes o jogo tradicional é ligado a assassinatos, rituais, vícios, dentre outros pontos negativos, e que já foram citados e tratados de maneira inadequada pelos veículos de informação.

Por falta de conhecimento, a mídia acaba “demonizando” os RPGs. “Tem gente que mata por futebol, mata por religião, mata porque viu algum filme...” Comenta o professor Francisco de Assis.

“É terrível, porque o RPG tem quase 40 anos no mundo e são milhões de jogadores de RPG no mundo há décadas”, diz psicólogo Alfeu Marcatto.

Um exemplo de notícia veiculada pode ser o caso ocorrido em outubro de 2001, na cidade de Ouro Preto, onde assassinaram uma menina num ritual de magia negra. A mídia estabeleceu relação direta com o jogo. Em resumo, dizia que os autores tinham cometido o crime porque eram praticantes de RPG. Marcatto diz que sua vontade era ir até a cidade, na época, para ajudar no julgamento e servir como perito de defesa do RPG. “Fiz até uma analise que foi mandada para o tribunal. Mas no final, não foi nem necessário. Porque o juiz decidiu que não havia nenhum indício que pudesse conectar o RPG ao caso”. Ele ainda comenta que a mídia tem um papel muito delicado, uma missão muito difícil, que é mostrar a notícia sem dar o veredicto, sem fazer o julgamento, ser imparcial. E que neste caso foi errado agir da forma pela qual os veículos agiram.

Como psicólogo, ele diz que faz parte do desenvolvimento e amadurecimento os jovens brincarem com jogos de sangue, violência e tiros. É o que ocorre em muitos vídeos-game eletrônicos. E cenas do tipo acontecem nos RPG tradicionais. A criança ou o jovem precisa passar por esta fase. “É uma maneira adequada de crescer, porque você não prejudica ninguém, você mata apenas um personagem. A criança, jovem, precisa extravasar seu estresse em algo. Que seja em algo saudável, em um jogo, ficção. Realidade é bem diferente”.

Ricardo Ribeiro complementa: “Não acredito nisso. Se assim fosse, as pessoas poderiam sair assassinando todos por ai depois de assistir um filme de suspense ou terror, no cinema. O RPG não influencia ninguém. A não ser que a pessoa já possua algum desequilíbrio. Nesse caso, qualquer coisa (jogos, filmes etc.) pode ser motivo pra alguém cometer esse tipo de loucura. E o RPG vai contra tudo isso, pois é um jogo cooperativo. Ou seja, os jogadores só ganham se permanecerem unidos, com seus personagens ajudando uns aos outros. Se qualquer grupo vier a jogar uns contra os outros, isso pode ser qualquer tipo de jogo, menos RPG! Está na sua essência a característica fundamental da colaboração”.

Então, o RPG tem total capacidade de derrotar esse vilão, o rótulo. E ao derrotar seus vilões e dificuldades, temos o RPG como um instrumento de ensino que tem plena capacidade de vir a ser um recurso de eficaz aplicação para alunos do ensino fundamental e médio, um ótimo complemento, nos ensino público e privado.

Há uma necessidade gritante de modernização e inovação, nos dois setores. Em ambos, o sistema de “grades” impera de forma direta. É necessário “escorregar entre as barras da grade curricular”, como fala Carlos Klimick, ou seja, aproveitar as brechas que os projetos pedagógicos apresentam.

Pois é... Lembram-se do rapaz que adorava o RPG nas aulas de História, citado no começo da reportagem, o Marcel? Ele concorda que o RPG facilitaria o aprendizado, se fosse aproveitado de forma mais sistemática pelas escolas, e conta que desde que conheceu a prática na escola, na quinta-série, é adepto do jogo até hoje. Mas não mais em salas de aula. Marcel marca sessões com os amigos. Ele é narrador de aventuras, que vão exigir dele e de seus colegas pesquisas e, consequentemente, aprendizado. Mesmo fora do compromisso escolar – e sem relação com o conteúdo de aula.


MAIS: Tem mais sim! Um entrevista Ping Pong esclarecedora, boxes de informações úteis sobre RPG e curiosidades, uma planilha explicando passo a passo de como aplicar o RPG em sala de aula além de uma narrativa contanto uma experiência e uma breve bibliografia, que quiser tudo isso, só entrar em contato.

Abraços,

Agnes



terça-feira, 26 de julho de 2011

Duplo - Faixa e Desenho


Olá, muito tempo, não é?
Estava ali perdida entre a vida real e o sonho. Realizando um sonho, na verdade. E ele tem a ver com a faixa que postarei, resultado da arte que eu postei aqui: http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/faixa-kaya.html

O resultado ao vivo foi esse:

Na foto, em ordem: Jack, Ritsu, Lia e eu.

Quando eu era novinha, tinha o costume de desenhar, hoje raramente faço isso, apesar de gostar. Postando um desenho meu:



Por hoje é só,

Abraços,

Agnes

domingo, 3 de julho de 2011

Por Dentro - Vídeo



Esse aqui foi um trabalho de vídeo.


Realização: AGNES AVELINO, CIBELE NOGUEIRA DA SILVA DANTAS, FABIO LUIZ BISPO COSTA, JULIANA FERNANDES BRIGATTI, RAFAEL DA COSTA
SUELEN CIRELO ALENCAR. (Descrição nos créditos do vídeo)
Elenco: Agnes Avelino (Eu)

Projeto prático apresentado como exigência para avaliação da matéria “

Linguagem Cinematográfica” do curso de especialização em Cinema, Vídeo e Fotografia – Criação em Multimeios, da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Prof. Inêz Pereira da Luz.


RESUMO
Este projeto tem por objetivo discutir os conceitos e as técnicas usadas para o registro
da matéria e seu tempo dentro de uma produção cinematográfica. A importância da mudança no
processo do registro da matéria com o surgimento do impressionismo na Europa, a importância de um olhar mais critico, desenvolvido para a investigação e descoberta dos detalhes, onde nada é certo e definido e a visão ganha função mais importante pois passa a ser, mais do que nunca,instrumento de conhecimento. Além de compreender como a gestualidade se configura no cotidiano e o processo de manipulação do tempo através de inserção de histórias com longas passagens de tempo em curtos espaços temporais.

Título: Por Dentro




ANEXO

Making off:


Abraços,

Agnes

terça-feira, 28 de junho de 2011

Faixa Kaya

Recentemente tenho trabalhado nas coisas do Fã Clube de Kaya, finalizei a arte da Faixa de recepção dele. Ela vai ser impressa em 2 metros por 80 cm.


Um print do arquivo segue abaixo, o resultado final eu posto quando ela estiver em mãos! (CLIQUE COM O BOTÃO DIREITO: ABRIR EM NOVA GUIA para visualizar a Faixa por inteiro)




Abraços,

Ange

terça-feira, 21 de junho de 2011

Banner Kaya

Olá. Sei que disse que continuaria a postar o TCC, mas texto, texto, texto, eu estaria cheia de ler só texto.

Esse meu banner, abaixo, foi construído no Photoshop , fechado em pdf e transformado em banner para um fã-clube que faço parte.

Segue as fotos:















E na prática ficou assim:














Abraços,

Ange

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Apenas uma prosa...

Amanhã continuarei postando o TCC, hoje vai ser rápido. Apenas um textinho em prosa que sempre pode dizer algo a alguém, ou a alguéns.


“ Um dia você vai estar sozinho, vai fechar os olhos e tudo vai estar escuro na sua vida. Os números da sua agenda passarão claramente na sua frente e você não terá nenhum para discar. Sua boca vai tentar chamar alguém, mas não há ninguém solidário o bastante para sair correndo e te dar um abraço, nem te colocar no colo e acariciar seus cabelos até que o mundo pare de girar. E nessa fração de segundos, quando seus pés se perderem do chão, você vai lembrar-se da minha ternura e do meu sorriso. Virão súbitas memórias gostosas dos meus abraços e beijos, da minha preocupação com você e só vão ter algumas músicas repentinas, as nossas. Em um novo momento você vai sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vai torcer bem forte para ter o nosso mundinho delicioso de novo. O nome disso é saudade, aquilo que eu tinha e te falava sempre. E quando você finalmente discar o meu número, ele estará ocupado demais, ou nem será mais o mesmo, ou até eu nem queira mais te atender.”



Que seja lido, ao menos!

Abraços,

Ange

sexta-feira, 17 de junho de 2011

RPG, a aventura de ensinar

" Sigam seus corações, estejam com quem vocês querem estar. Descubram a verdade de cada um e sejam felizes. Jamais se esqueçam que todos nasceram para serem amados. Um dia quem sabe, nos reencontraremos numa outra dimensão, onde o tempo corra diferente... Um dia quem sabe..." (Angel Sanctuary)


Hoje continuarei postando a Grande Reportagem com o tema de RPG pedagógico que foi meu TCC.
Para ler a segunda parte: http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/continuacao-de-rpg-aventura-de-ensinar.html

RPG, a aventura de ensinar pt3

Segundo o psicólogo Alfeu Marcatto, autor do livro Saindo do Quadro, obra que oferece subsídios para professores que queiram utilizar de RPG em suas aulas, um fator bastante importante do RPG é que se tem a possibilidade de mostrar ao aluno a utilidade da matéria estudada. “Na aula tradicional a tendência é você receber o conteúdo, ali não, no jogo de RPG você tem que praticar aquilo, você tem que usar sua dedicação para resolver os problemas. O movimento é proativo, não é um movimento só passivo. É proativo e isso faz toda diferença.” O psicólogo faz programas de treinamento para professores, ensinando-os usar o RPG como ferramenta em sala de aula.

Além destas, outras características importantes também podem ser estimuladas,
como a capacidade de imaginação e criação. Esta última que é desafiada com frequência no decorrer do jogo, mediante as mais diversas situações, assim como em brincadeiras de faz-de-conta. “Estímulo constante da criatividade dos educandos e do educador, o RPG une a sala de aula e transforma os alunos em pesquisadores críticos e leitores vorazes”, diz o pedagogo especializado em Ludo-criatividade, Rafael Rocha. Motivação e comprometimento com a aula também merecem destaque.
São justamente fatores como a falta de inovação e novas tecnologias de e
nsino que estão em constante defasagem em meio ao processo de educação e causam críticas negativas tanto ao sistema de ensino, quanto à formação de profissionais na área. Alguns dados podem comprovar essa realidade, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem a maior taxa (10%.) de abandono escolar no ensino médio dentre Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Dentre esses países, o Brasil está na lanterna na taxa de aprovação no ensino fundamental, com 85,8% e líder em reprovação com 11%. No nível médio, a taxa de aprovação do Brasil ficou em 77% e a de reprovação em 13,1%. O assunto rende opiniões que divergem, mas todas dão voz a algo de importância notável: o futuro dos jovens de nossos bairros, municípios, cidades, estados, de nosso país.
Portanto, com os constantes avanços tecnológicos, é muito importante que alunos e professores e
stejam atentos às novidades e que consigam se adaptar e desenvolver as interações solicitadas durante suas atividades de rotina, aproveitando as vantagens pedagógicas que são oferecidas e idealizando novas ferramentas didáticas. Diante de todas essas mudanças de cenário, surgem algumas perguntas: quais os principais desafios da educação nos dias atuais para os mestres? Por que o RPG pode ser uma alternativa? De que forma o jogo pode contribuir para a formação das crianças e adolescentes?


Ricardo Ribeiro do Amaral,

mestre em Ensino das Ciências, licenciado em

Física e professor do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) avalia que “é preciso apresentar uma educação dinâmica, veloz, motivadora e interativa. Os estudantes atuais têm a informação a alguns cliques de qualquer computador, com o acesso à internet. Para que eles se sintam motivados em aprender na escola, precisam se sentir ativos nesse aprendizado. O professor não é mais o detentor exclusivo ou absoluto da informação.”
Quem compartilha dessa opinião é a pesquisadora e professora de Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Eliane Bettocchi Godinho. Ela diz: “A dificuldade está em reconhecer que não apenas o modelo vigente de ensino está obsoleto, mas também os conteúdos”.

Já a professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Magda Medhat Pechliye, doutora em Ciências Biológicas, comenta sobre a formação dos profissionais na área. “Considero que os problemas são muitos, mas destaco a má formação. Os cursos de formação de professores priorizam o conteúdo e não a reflexão.”

Alfeu Marcatto, diz que hoje as pessoas se tornam mais exigentes, tendo uma consciência maior do que elas querem. De repente, estas mesmas pessoas se deparam com, por exemplo, um conteúdo didático que não interessa, que em uma primeira estância, não conseguem ver utilidade para aquilo. Como consequência, não se dedicam: “Antigamente o sujeito tinha que se dedicar porque tinha e pronto. Tinha nota, e aquilo devia ser daquele jeito e ninguém questionava. Hoje as pessoas questionam! No entanto, por outro lado, o aluno passa automaticamente. Sabemos que há essa facilidade. Então, para que estudar aquilo? E não adianta você chegar e dizer “Olha, você precisa se dedicar”, é da própria natureza humana, se você não vê utilidade para “aquilo”, mesmo sendo algo necessário, correto, você não vai querer gastar energia, certo? E é saudável! Porque se não, imagina, a gente gastando energia em coisas inúteis? E que às vezes, é tão inútil para o aluno quanto pro professor. A diferença entre eles é que o último está sendo obrigado a dar aquela aula.”

Por que, por exemplo, um aluno muitas vezes simplesmente não consegue prestar atenção a uma aula de matemática? Pode acontecer dele não se identificar com o professor, com a escola, a matéria, o método usado. Inúmeros são os fatores que podem ser responsáveis por sua desatenção. E é a partir do resultado negativo, gerado por todos estes problemas já mencionados, que o professor pode vir a decidir por inserir um recurso inovador, um diferencial em sua matéria, para tentar resgatar o interesse e a empolgação daquele estudante inicialmente “perdido”. E é onde o RPG entra.

(Continua nos próximos posts )

Abraços,

Ange

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Continuação de RPG, a aventura de ensinar

Insano

Um espelho...
Tal como o da Rainha malvada da Branca-de-Neve.
Oh, doce "Espelho, espelho meu...

Existe alguém mais belo do que eu?"
Eis que assim ele frequenta o País das Maravilhas
Em suas mais doces ilusões e mentiras que o enaltecem...
Pobre dele...
Sonha em ser Branca-de-Neve,

Banca a Alice,
E nem Princesa é!
Agora diga, desse espelho quebrado...
Em qual pedaço perdeu a sua sanidade?

By: Agnes

Mais fragmentos de Rosiel conta esse poema que usei para abrir o post de hoje. Que, na verdade, tem a intenção de continuar o de ontem: "RPG, a aventura de ensinar"Meu TCC sobre RPG pedagógico.

Para ler a primeira parte, clica aqui:
http://bookofangel.blogspot.com/2011/06/rpg-aventura-de-ensinar.html

RPG, a aventura de ensinar - Parte 2

O role playing game, que inicialmente foi criado para ser uma brincadeira de mesa, é um “jogo de representação” ou de “interpretação de papéis” em grupo. Surgiu na década de 1970, nos Estados Unidos, e logo se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil no final de 1980. Além dos participantes, que assumem papéis de personagens, há também a figura de um narrador que, dentro de um sistema de regras, cria histórias recheadas de complicações, problemas, desafios e enigmas a serem resolvidos pelos participantes, que vivenciam os tais papéis em uma determinada história. Durante uma partida, são utilizados dados multifacetados, lápis e papel. Podemos pensar que todo jogo é uma disputa, então, quem ganha o jogo num RPG? Essa idéia não se aplica a esse jogo, não existem ganhadores ou perdedores num RPG. É um jogo em que o grupo de personagens deve trabalhar unido para alcançar o sucesso em suas aventuras. E alcançando esse objetivo da narrativa, todos ganham pontos de experiência e história na vida de sua personagem.

Ensinar é uma tarefa árdua, que exige bastante esforço físico e psicológico, tanto do educador quanto do aluno. Portanto, ao combinar esse jogo com o universo pedagógico, foram feitas algumas adaptações para que o conteúdo se encaixasse aos padrões de um projeto de ensino.

Antes de mais nada, deve-se usar o conteúdo do tema de aula como pano de fundo para essa aplicação. Carlos Klimick, professor e doutor em Letras, especialista no tema, trabalha como “Designer Didático”, ou seja, modela alguns cursos para tornar o conteúdo mais interessante. Ele analisa quais são os efeitos e as contribuições destas adaptações do jogo para o universo pedagógico, apontando as características positivas do RPG que contribuem para o aprendizado.

Se a perspectiva é de cooperação, Klimick diz que o aprendizado não é competitivo, mas cooperativo. Os desafios têm de ser vencidos pelo grupo e em conjunto. Não existem vencedores ou perdedores no RPG. Todos trabalham para resolver as situações-problemas descritas pelo narrador. O especialista também destaca que é possível encontrar vantagens em relação à possibilidade de socialização. Para ele, o RPG com dimensão pedagógica estimula a interação verbal, já que todos os participantes podem opinar, interagir, ajudar no desenrolar da história.

“Ações têm conseqüências, o que você faz em determinada etapa vai ter repercussão à frente”, comenta. Sobre a narratividade, ele lembra que ”histórias são um excelente recurso educacional. Na poética de Aristóteles, ele fala que é prazeroso aprender. Os jesuítas já usavam esse recurso na catequese e nós fazemos isso claramente nas fábulas; qual a moral de chapeuzinho vermelho? É não falar com estranhos. A narratividade tem uma relação natural com a educação”.

Outra vantagem, segundo o especialista, é poder usar vários recursos de linguagem. Há o texto escrito, o oral, gestual, imagem. Vídeos e fotos ajudam a ilustrar imagens de cenários onde se passa a narrativa, assim como auxiliam na visualização física de uma personagem. Por fim, as contribuições se associam ainda ao estímulo à interdisciplinaridade.

“Você pode combinar diferentes disciplinas dentro de uma aventura de RPG. Se você está narrando uma aventura de História, os alunos podem precisar de mapas de territórios – Geografia – ou cálculos para ver em quanto tempo chegariam em tal lugar – Física - entre outras. É um recurso de fácil adaptação, podendo ser aplicado à grandiosa maioria das matérias”, reforça Klimick, um dos organizadores do primeiro livro de jogo de RPG brasileiro, chamado O Desafio dos Bandeirantes, da extinta editora GSA, que tratava de um cenário do Brasil Colônia.

( Continua nos próximos posts!)



terça-feira, 14 de junho de 2011

RPG, a aventura de ensinar

Nada melhor do que misturar um gosto com a obrigação.

Meu TCC de Jornalismo (finalizado em 12/2010) foi uma Grande Reportagem direcionado para a revista Nova Escola com o tema de RPG (role-playing game) como instrumento pedagógico.
O TCC foi apresentado na Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do professor Francisco Bicudo.
Minha companheira nesse trabalho -que foi realizado em dupla - foi a Amanda Palestino.
Vou posta o trabalho em partes, hoje é a capa diagramada para a revista e o começo da matéria:

RPG, a aventura de Ensinar



Essa matéria contém explicações sobre o jogo e seu uso pedagógico, entrevistas com especialistas no assunto, exemplos de aulas. Então, atenção professor! Vamos deixar sua aula mais divertida e proveitosa?

Vou postar os scans pequenininhos e os textos separados.

RPG, A aventura de ensinar

Agnes Avelino e Amanda Palestino

Depois de mais um dia de aula no Colégio São Paulo, escola particular em que estudava, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo, o menino Marcel - com 12 anos na época - volta pra casa agitado, cheio de novidades. A mãe, curiosa, pergunta: “Como foi na aula, filho?”. Empolgado, ele responde: “Foi demais! Eu estava na caverna com meus amigos, ventava muito e o frio estava congelante. Mas aí, demos um jeito de fazer fogo esfregando pedras! Conseguimos ficar aquecidos e ainda mantivemos os animais longe da gente!”

O agora jovem rapaz, Marcel Obretch Jr., já com 20 anos, relembra esse episódio aos sorrisos. A dona de casa, Claudia Dias Obrecht, 44 anos, mãe de Marcel, lembra que o filho sempre demonstrou preferência pelas matérias na área de exatas. No entanto, naquele já distante ano de 2002, quando estava na quinta série, o que o garoto mais queria mesmo era que a semana passasse voando e que as terças-feiras chegassem logo, para que pudesse participar das aulas de História. A mãe se alegrava ao vê-lo saindo animado de casa para ir ao Colégio. “Ele me dizia que faziam testes para conseguir fogo, alimentos, armas e vestimentas. E usavam recursos como se realmente fossem personagens pré-históricos”, afirma Claudia.

Marcel conta que, no começo, a resistência e o estranhamento foram grandes. Muitos colegas de classe chamavam o professor “Luis” (a memória falha, ele já não recorda mais o sobrenome) de biruta. Mas com o passar do tempo, todos acabaram percebendo o quanto se divertiam. E aprendiam. “Não parecia uma aula, onde você fica sentado só escutando o que o professor tem a dizer e lendo livros. Afinal, História é uma matéria que pode se tornar muito cansativa e pouco atraente para muitos alunos”. E justamente por conta da maneira como o mestre ensinava, o professor de História é um dos poucos de quem ele se recorda da época de escola. Diz que “Luis” o fazia “vivenciar” o que os pré-históricos tinham vivido, demonstrando de maneira prática como esses homens contribuíram de maneira significativa para a evolução da espécie humana.

Vivenciar a história? Maneira diferente de ensinar? Situações e cenários de representação? Estamos falando do RPG - role playing game - como mais uma ferramenta pedagógica para o educador.

Como se observa, não é de hoje que especialistas e professores estudam o lúdico como estratégia eficiente de ensino. Mas antes, o que vem a ser RPG?



(Continua nos próximos posts!)


Abraços,

Ange


segunda-feira, 13 de junho de 2011

O bom com face de mau

Hoje é dia de conto.

Estou pensando em fazer uma sessão para tutoriais também! Talvez com vídeos, seria legal. É seria, vou fazer na próxima.

Já postei em outro blog que tive ,mas como estou fazendo um novo arquivo... Esse conto faz parte da saga da Taverna da Perdição (Depois explico melhor o que é esse lugar).

Sugestão de música para acompanhar a leitura desse conto: Within Temptation - Our Farewell

O Bom com face de Mau

Sou um anjo com cara de demônio

Sou o bom com face de mau

Sou um anjo em corpo humano

Mente e alma presos neste coro tão profano

Sou um anjo da noite como vários que aqui estão

Sou um que nunca aprendeu a amar e só sofreu por desilusão

Sou um anjo assustado que me abrigo na escuridão

A escuridão é minha casa, a noite é meu mundo

Um mundo de angústia e desilusão

Um mundo que achei que era perfeito, mas que destruiu meu coração...”(Desconhecido)


Eis que as cortinas se abrem, e a primeira protagonista a invadir esta realidade deturpada de um lugar precário assombrado por tantos sofrimentos guardados é mais alguém que vai infectar a atmosfera da Perdition, pobre criança, se soubesse talvez nem tivesse pisado lá dentro, não teria subido naquele palco de aberrações laçada pelas teias macabras do lugar... O sofrimento, a injustiça, são esses tipos sentimentos que faz com que a Perdition atraia as pessoas certas para tecer sua história como num jogo de estratégia.

O que? Uma criança e um bar adulto não combinam? E daí? O sofrimento não escolhe idade, sexo, condição social, raça, nada.

A pequena mulatinha demorou em conseguir empurrar aquela grande porta, seus braços magros quase não agüentaram, mas ela precisava pedir pelo menos um copo de água, há duas noites que ronda procurando por um lugar abrigado, há duas noites que sua vida havia sido condenada. O som da antiga jukebox soava espectral para a menina, acima das vozes e murmúrios, acima do titilar de copos e arrastar de cadeiras, mesmo que o som estivesse baixo naquela parte do bar, a atenção da menina que sequer atingiu a puberdade foi para a música, ouvindo-a como se fosse a coisa mais bela que já ouvira e a fazia suspirar mesmo que o ar que se passava no momento estivesse impregnado dos charutos de um grupos de homens reunidos ali perto em uma das mesas do lugar.

Seu estômago se contraía dolorosamente, a fazia andar um tanto encolhida, os grossos cabelos negros estavam desgrenhados e seus olhos escuros cheios de olheiras carregavam um tom doentio, ela caminhou discretamente, ninguém lhe dava atenção, ela não se importava, só torcia para conseguir ser vista pelo barman e a este dar pena a ponto de conseguir algo.

Frente ao balcão, na ponta dos pés sujos e descalços ele tentava ser vista, mas o balcão era alto, e daria trabalho subir naqueles bancos redondos e giratórios, já estava desistindo quando uma mão lhe estende um copo cheio de leite. Sem pensar e sem olhar para o doador, na fome infantil ela agarra o copo grande com as duas mãos afundando-se nele em goles famintos que lhe manchavam o buço de branco.

O leite que Dreamer deu à criança estava gelado, mas a menina bebia como se estivesse delicioso, a silhueta alta do homem deixava a garota dentro das sombras. Dreamer estava lá no dia, infelizmente ele teve que estar lá. Era duro saber que nas periferias das cidades ainda existem famílias inteiras que se formam sem registro algum e quando morrem, morrem como se nunca tivessem nascido... Há dois dias atrás, dois indigentes foram enterrados sem lápide, sem nada, como animais, num dia chuvoso de maneira que fazia parecer que os céus protestavam, mas cegos e surdos, ninguém nunca ouvia... Dreamer ouvia...

Suas roupas sempre negras, o andar pelos cantos sempre deram a Dreamer a discrição que precisava para assistir as coisas que faziam o mundo gritar. Foram os pais daquela garota que foram enterrados lá. E esses dois dias foram os dias que a menina demorou em conseguir entender que eles não sairiam mais da terra, mesmo sempre dizendo que nunca a deixariam, que a amavam... Agora ouvia outros dizendo que eles haviam sido levados para o céu, mas por que diabos foram para o céu e ela não pôde ir? Ela ficou dois dias lá esperando, debaixo de chuva e vento de outono, já apresentava sintomas fortes de desnutrição e pneumonia, suas lágrimas secaram. Até que as necessidades vitais a fizeram levantar e procurar abrigo, e assim entrou na Perdition.

Os olhos escondidos por trás do capuz do sobretudo de Dreamer julgavam o futuro da garotinha : roubando pra comer, passando de reformatório em reformatório, voltando às ruas e se tornando uma prostituta para continuar viver, e assim seria vida dela, até pegar uma doença sexualmente transmitida ou tendo alguma overdose, ou mesmo, quem sabe, cometendo suicídio...

Nessa história a Taverna só serviu de ponto de encontro, de cenário crucial... Não foi difícil para Dreamer convencer a garota que com ele havia mais copos de leite e que podia levá-la até os papais dela, e também foi fácil passar com garota por uma saída dos fundos sem que fossem notados.

A pequena entrou sem ser reparada, e saiu da mesma forma.

Era para o estacionamento dos fundos que aquela porta levava, o chão era de terra, havia muitos poucos carros lá, o terreno era fechado por arame farpado, e de grande extensão. O terreno disforme não marcava os passos, uma parede fria em que ele se encostou sob uma sombra, agachado a altura da menina que curiosamente tentava lhe enxergar o rosto por dentro do capuz escuro, ainda com o buço branco de leite, Dreamer a abraçou, seus braços grandes perto da garota envolveram a nuca e cabeça... Lágrimas brotaram por detrás do capuz, e então com um movimento rápido, sem grito, sem lástima, sem piedade, o pescoço da garota é quebrado como de fosse um graveto e ela morre em seus braços, desfalecendo como uma boneca quebrada e sem vida. A promessa foi cumprida.

Dreamer seria um anjo que a salvou de um trágico destino, ou um sádico demônio se alimentando das dores dos outros e roubando mais uma vida inocente? Só se sabe que ele ouviu o grito de seu coração, e a sua morte ele chorou.

Como o mundo pode continuar?

By: Ange


Abraços