Nada melhor do que misturar um gosto com a obrigação.
RPG, A aventura de ensinar
Agnes Avelino e Amanda Palestino
Depois de mais um dia de aula no Colégio São Paulo, escola particular em que estudava, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo, o menino Marcel - com 12 anos na época - volta pra casa agitado, cheio de novidades. A mãe, curiosa, pergunta: “Como foi na aula, filho?”. Empolgado, ele responde: “Foi demais! Eu estava na caverna com meus amigos, ventava muito e o frio estava congelante. Mas aí, demos um jeito de fazer fogo esfregando pedras! Conseguimos ficar aquecidos e ainda mantivemos os animais longe da gente!”
O agora jovem rapaz, Marcel Obretch Jr., já com 20 anos, relembra esse episódio aos sorrisos. A dona de casa, Claudia Dias Obrecht, 44 anos, mãe de Marcel, lembra que o filho sempre demonstrou preferência pelas matérias na área de exatas. No entanto, naquele já distante ano de 2002, quando estava na quinta série, o que o garoto mais queria mesmo era que a semana passasse voando e que as terças-feiras chegassem logo, para que pudesse participar das aulas de História. A mãe se alegrava ao vê-lo saindo animado de casa para ir ao Colégio. “Ele me dizia que faziam testes para conseguir fogo, alimentos, armas e vestimentas. E usavam recursos como se realmente fossem personagens pré-históricos”, afirma Claudia.
Marcel conta que, no começo, a resistência e o estranhamento foram grandes. Muitos colegas de classe chamavam o professor “Luis” (a memória falha, ele já não recorda mais o sobrenome) de biruta. Mas com o passar do tempo, todos acabaram percebendo o quanto se divertiam. E aprendiam. “Não parecia uma aula, onde você fica sentado só escutando o que o professor tem a dizer e lendo livros. Afinal, História é uma matéria que pode se tornar muito cansativa e pouco atraente para muitos alunos”. E justamente por conta da maneira como o mestre ensinava, o professor de História é um dos poucos de quem ele se recorda da época de escola. Diz que “Luis” o fazia “vivenciar” o que os pré-históricos tinham vivido, demonstrando de maneira prática como esses homens contribuíram de maneira significativa para a evolução da espécie humana.
Vivenciar a história? Maneira diferente de ensinar? Situações e cenários de representação? Estamos falando do RPG - role playing game - como mais uma ferramenta pedagógica para o educador.
Como se observa, não é de hoje que especialistas e professores estudam o lúdico como estratégia eficiente de ensino. Mas antes, o que vem a ser RPG?
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