RPG, a aventura de ensinar - Parte 2
O role playing game, que inicialmente foi criado para ser uma brincadeira de mesa, é um “jogo de representação” ou de “interpretação de papéis” em grupo. Surgiu na década de 1970, nos Estados Unidos, e logo se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil no final de 1980. Além dos participantes, que assumem papéis de personagens, há também a figura de um narrador que, dentro de um sistema de regras, cria histórias recheadas de complicações, problemas, desafios e enigmas a serem resolvidos pelos participantes, que vivenciam os tais papéis em uma determinada história. Durante uma partida, são utilizados dados multifacetados, lápis e papel. Podemos pensar que todo jogo é uma disputa, então, quem ganha o jogo num RPG? Essa idéia não se aplica a esse jogo, não existem ganhadores ou perdedores num RPG. É um jogo em que o grupo de personagens deve trabalhar unido para alcançar o sucesso em suas aventuras. E alcançando esse objetivo da narrativa, todos ganham pontos de experiência e história na vida de sua personagem.
Ensinar é uma tarefa árdua, que exige bastante esforço físico e psicológico, tanto do educador quanto do aluno. Portanto, ao combinar esse jogo com o universo pedagógico, foram feitas algumas adaptações para que o conteúdo se encaixasse aos padrões de um projeto de ensino.
Antes de mais nada, deve-se usar o conteúdo do tema de aula como pano de fundo para essa aplicação. Carlos Klimick, professor e doutor em Letras, especialista no tema, trabalha como “Designer Didático”, ou seja, modela alguns cursos para tornar o conteúdo mais interessante. Ele analisa quais são os efeitos e as contribuições destas adaptações do jogo para o universo pedagógico, apontando as características positivas do RPG que contribuem para o aprendizado.
Se a perspectiva é de cooperação, Klimick diz que o aprendizado não é competitivo, mas cooperativo. Os desafios têm de ser vencidos pelo grupo e em conjunto. Não existem vencedores ou perdedores no RPG. Todos trabalham para resolver as situações-problemas descritas pelo narrador. O especialista também destaca que é possível encontrar vantagens em relação à possibilidade de socialização. Para ele, o RPG com dimensão pedagógica estimula a interação verbal, já que todos os participantes podem opinar, interagir, ajudar no desenrolar da história.
“Ações têm conseqüências, o que você faz em determinada etapa vai ter repercussão à frente”, comenta. Sobre a narratividade, ele lembra que ”histórias são um excelente recurso educacional. Na poética de Aristóteles, ele fala que é prazeroso aprender. Os jesuítas já usavam esse recurso na catequese e nós fazemos isso claramente nas fábulas; qual a moral de chapeuzinho vermelho? É não falar com estranhos. A narratividade tem uma relação natural com a educação”.
Outra vantagem, segundo o especialista, é poder usar vários recursos de linguagem. Há o texto escrito, o oral, gestual, imagem. Vídeos e fotos ajudam a ilustrar imagens de cenários onde se passa a narrativa, assim como auxiliam na visualização física de uma personagem. Por fim, as contribuições se associam ainda ao estímulo à interdisciplinaridade.
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